Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

a vidinha como ela é

(e uma mãe que mete a mão em tudo) por Claudia Borralho

a vidinha como ela é

(e uma mãe que mete a mão em tudo) por Claudia Borralho

Questões revolucionárias, nada de mais ...*

28.04.11 | Claudia Borralho

Ela lançou o repto - Por um mercado de trabalho mais flexível, part-time lovers, uni-vos !

 

Não foi preciso ser mãe para me incomodarem os horários de trabalho, relógios de ponto então, acho a coisa mais ridícula.

À parte trabalhos que impliquem serviço ao público, a verdade é que todos os outros podem ser feitos sem horário. É preciso reunir e contactar com outras pessoas? Certamente que têm sempre algum intervalo de tempo em que isso possa acontecer. Mandem um mail, marquem reuniões com a devida antecedência, sejam cívicos enfim.

E depois existe o relógio de ponto para o empregador "garantir" que o empregado está lá das horas x às horas y. Ca ganda treta! Eu pensava que contratavam para produzir trabalho e afinal o que querem é uns aquecedores de cadeiras por x horas ao dia.

 

Claro que depois tornei-me mãe e a questão dos horários começou a incomodar-me cada vez mais. Descobri que tinha direito a pedir uma "benesse" conhecida por jornada contínua que consistia, supostamente, em fazer o meu horário todo de seguida sem a pausa obrigatória para almoço. Xiii nem imaginam a confusão que gerei, no final dizem-me que jornada contínua já não existe e o que o substituia implicava eu ter à mesma uma pausa, mas de meia-hora. Oh well, lá fiquei com o melhor que consegui.

 

Mas a coisa continuava a incomodar-me. Volta e meia também tinha que ficar com o puto em casa doente, ou estava eu doente e trabalhava a partir de casa. A ideia foi fermentando. Ora, se eu trabalho tão bem a partir de casa porque não trabalhar sempre a partir de casa? Pedi. Não foi difícil porque trabalhava com pessoas compreensivas e inteligentes. Não teria sido possível se trabalhasse com qualquer outra pessoa dentro da empresa onde estou. Fui avisada pela chefia de não falar sobre isso no blog (não fosse causar uma revolução entre os meus colegas).

 

Já lá vão uns aninhos e continuo muito feliz e super satisfeita com a situação. O mais difícil é estar longe da vista, as pessoas esquecem-nos quando não nos vêem, por isso tento fazer um esforço (e fazem muito esforço por mim) para que seja vista sempre que lá vou.

 

Trabalhar a partir de casa não é fácil, é preciso gerir vários trabalhos ao mesmo tempo, a empresa, a família, a casa, a nossa cabeça, agora todos funcionam e giram ao mesmo tempo. Se dou mais tempo a um depois tenho de compensar os outros. Para a empresa trabalho geralmente nos mesmos horários de sempre, mas ás vezes faço uma pausa para estender a máquina da roupa, ou para ir correr, ou ao supermercado, ou levar um filho ao médico e depois compenso "fora de horas".

 

O resultado é uma trabalhadora mais feliz e mais produtiva, o meu medo é que um dia acordem e me mandem trabalhar lá e voltar a picar o ponto todos os dias (porque apesar de já durar há uns anos, a situação de teletrabalho não é verdadeiramente oficial).

 

Sei que trabalhar em casa não é para todos, mas a ideia principal aqui é mesmo a flexibilidade do horário de trabalho. Parem de andar a medir horas e comecem a medir produtividade.

 

 

*Título roubado descaradamente ao mail que recebi d'A Mãe que Capotou

o homem lá de casa

19.04.11 | Claudia Borralho

O homem lá de casa costumo dizer que é mais parecido com um filho teenager.

Não existe tarefa que não faça, mas para tudo é preciso pedir. E pedir, e pedir outra vez. E daí por uma semana reparar que ainda não foi feito e ou faço eu ou dá-me o tilt e mando uma carrada de berros.

Quando peço tenho de ser muito específica, do tipo: quando acabares de dar de comer à oriana, arruma a louça que está na máquina. No cérebro dele não encarrilam tarefas, se não especificar o quando diz-me sempre ou que não pode porque já está a fazer outra coisa ou então que sim, que (eventualmente um dia, quem sabe) vai fazer.

Também não se pode dizer só para arrumar a louça, isso também dá pobres resultados, é necessário fornecer indicações mais concretas, como: verifica se a louça está bem limpa e não tem restos de comida agarrada, esperar um pouco que esta informação assente e depois, e é necessário limpar a água da louça - é raro lembrar-me de explicar-lhe isto e como resultado vou sempre encontrar todas as caixas e panelas cheias de água lá dentro.

Mas o que mais me chateia é o exemplo que cria nos filhos. O homem lá de casa (quando não está a trabalhar, logo fora de casa) passa os dias deitado no sofá a jogar joguinhos no computador e de vez em quando levanta-se, pega no computador e vai para a varanda esfumaçar. Há lá coisa mais irritante?

Quando estamos fora de casa faz sempre um brilharete porque de bom grado dá comidas, papas e troca todo o tipo de fraldas.

 

Gostava muito de conhecer esses homens modernos que elas retratam (mãe que capotou, redonda ou quadrada, este é meu, gralha, ervas de cheiros, 4D). O meu pai não trocava fraldas de cocó, mas contam-me que trocava as outras e também foi sempre ele quem me foi buscar à escola e quase todos os dias fazia o jantar. Todos os dias era ele que arrumava a louça e limpava a cozinha e de vez em quando até a varria. Depois passava grande parte do tempo sentado no sofá a ler o jornal.

Aqui do meu ponto de vista parece-me estar tudo na mesma.

 

E já agora dos melhores comentários que li: "Fico danada quando ele me pergunta : queres ajuda? Não perde pela resposta: Ajuda porque? A obrigaçao é minha e tu porque és um tipo porreiro vens dar uma ajuda, é? " Por Dadinha aqui

E mais este eu odeio muitas coisas (porque será assim tão difícil acertar com a porra da louça na máquina?)

 

-----------------------------------------

 

Eu geralmente tento não vir para aqui desabafar da exasperante tarefa que é tentar em vão educar o meu marido, mas hoje passei-me.

Fui dar com o meu sabonete Abegoa totalmente desfeito dentro da água do banho que a Oriana tomou ontem. Eriçou-se comigo porque eu não devia ter ficado chateada com uma coisa que ele "não reparou". Ora portantos, não reparou que a miúda pegou no sabonete quando estava no banho, certamente também não reparou que ela o deve ter mordiscado umas quantas vezes, e ainda menos reparou que o sabonete lá ficou na água do banho, também não reparou que os brinquedos do banho não foram arrumados, nem que o tapete lá continuou sem se pôr a secar e ainda menos terá reparado que a água do banho lá permaneceu já que a tampa da banheira não sai sozinha.

E eu é que não podia ficar chateada porque ele não reparou (e o meu rico sabonete, ou melhor a nheca derretida que sobrou, teve que ir direitinha pró lixo). o caralho!

Pág. 1/2