lavores
11.03.08 | Claudia Borralho
Entretida a ler o blog d'Avozinha eis que me deparo com este e mais este post.
Eu já não sou do tempo dos "lavores", mas no meu tempo havia as célebres electrotecnia, madeiras e texteis.
Da eletrotecnia tentaram que fizesse um candeeiro em metal. Várias vezes andei por ali a lixar os pedaços de ferro. Nunca percebi muito daquilo e nunca fiz o dito candeeiro. O professor que por ali andava também não se preocupava muito com isto e deu-me sempre 3.
Madeiras era o delírio. A minha grande vocação daqueles anos. Adorava. Perdia-me a comprar pedacinhos de contraplacado de pinho, pregos e dobradiças. O meu pouso de compras favorito era a estância de madeiras de Moscavide e a loja de ferragens em frente. Fiz caixas, molduras, prateleirinhas com bloquinhos de papel e até um biombo gigantesco que viveu muitos anos no meu quarto. Tive sempre 5*.
Depois havia os texteis. Queriam que fizesse pegas de cozinhas de tranças gigantescas - eu ainda fiz a trança, a minha mãe lá tratou do resto. Queriam que fizesse um chapéuzinho de corda envolto em ráfia... eu ainda tentei... a minha mãe tratou do resto. Queriam que fizessemos um lindo tear e tecessemos um lindo tapete. Eu adorei fazer o tear lol divertidissima a pregar pregos em alturas alternadas. O "tapete" ficou como a garrafa da coca-cola com uma cintura de fazer inveja a qualquer pinup. Queriam que bordassemos e fizessemos umas lindas almofadas. Descobri o ponto cruz. Vá este é fácil. A minha mãe descobriu uns desenhos giros, muniu-me de serapilheira, agulhas e linhas e eu lá fui bordando. Alas, havia mais uns pontos diferentes e a minha mãe terminou o trabalho ;) Não faço a mínima ideia quem terá transformado o restante em almofada, mas acho que foi a avó Mariana.
Enfim, texteis era a coisa mais detestada, tive sempre 2.
Muitos anos mais tarde quis ter um cachecol do harry potter. Pedi à minha mãe e ela lá me ensinou a tricotar. Primeiro a "liga" (purl). Queria logo ensinar-me o outro ponto... calma aí uma coisa de cada vez ;) Fiz um gigantesco cachecol / manta às riscas como os do harry potter, todo em "liga".
Gostei. Fiz mais outro com todos os restinhos de lã que havia lá por casa. Muitas riscas, hiper colorido. Descobri que não é boa ideia juntar linhas muito finas com linhas muito gordas e que não existe só um tamanho de agulha de tricot.
Estava pronta para aprender o ponto número 2 - a "meia" (knit).
Os invernos passaram a incorporar sempre cachecóis feitos por mim :)
Depois a pat engravidou e descobriu-se que em vez de um vinham aí dois (duas!!!). E eu enfiei que queria fazer botinhas de bebé. Descobri então como acrescentar e diminuir malhas. Depois afinal não fiz botinhas e pus-me a fazer bonecada.
Não percebo muito de tricot, só o básico - meia, liga, acrescentar, diminuir. Isso nunca me impediu de criar boneco atrás de boneco.
Mas como em tudo na vida aprendi que o importante era não ter medo de fazer. Experimentar. Criar.
Com as costuras é igual. Sei mais ou menos como funciona a máquina de costura. Imagino o que quero fazer. E faço. Importante é a imaginação, a criatividade e a vontade de fazer, o resto tudo se aprende. Os problemas contornam-se e resolvem-se :)
Enchem-me de orgulho as malinhas que fiz quando era teenager, a mala bailarina amarela cheia de folhos, todos os meus bonecos de pano e de tricot, a minha saia, os meus sacos e babetes.
Enchem-me de orgulho porque os fiz com as minhas mãos, mesmo sem saber muito bem o que poderia sair dali ou se seria capaz de realizar as minhas ideias.
E quase que aquelas aulas de "trabalhos manuais" e "texteis" estragavam tudo isto. Tinha um trauma e aversão às agulhas que vocês nem imaginam. Que "disciplina" mais parva!!!
*vá e ainda hoje tenho um prazer estúpido a montar os móveis do IKEA e construo o que imagino, como o fantástico caixote de reciclagem com rodinhas em baixo e separação para vidros, embalagens e papel que tive na minha casa e agora vive na nossa arrecadação ;)
Eu já não sou do tempo dos "lavores", mas no meu tempo havia as célebres electrotecnia, madeiras e texteis.
Da eletrotecnia tentaram que fizesse um candeeiro em metal. Várias vezes andei por ali a lixar os pedaços de ferro. Nunca percebi muito daquilo e nunca fiz o dito candeeiro. O professor que por ali andava também não se preocupava muito com isto e deu-me sempre 3.
Madeiras era o delírio. A minha grande vocação daqueles anos. Adorava. Perdia-me a comprar pedacinhos de contraplacado de pinho, pregos e dobradiças. O meu pouso de compras favorito era a estância de madeiras de Moscavide e a loja de ferragens em frente. Fiz caixas, molduras, prateleirinhas com bloquinhos de papel e até um biombo gigantesco que viveu muitos anos no meu quarto. Tive sempre 5*.
Depois havia os texteis. Queriam que fizesse pegas de cozinhas de tranças gigantescas - eu ainda fiz a trança, a minha mãe lá tratou do resto. Queriam que fizesse um chapéuzinho de corda envolto em ráfia... eu ainda tentei... a minha mãe tratou do resto. Queriam que fizessemos um lindo tear e tecessemos um lindo tapete. Eu adorei fazer o tear lol divertidissima a pregar pregos em alturas alternadas. O "tapete" ficou como a garrafa da coca-cola com uma cintura de fazer inveja a qualquer pinup. Queriam que bordassemos e fizessemos umas lindas almofadas. Descobri o ponto cruz. Vá este é fácil. A minha mãe descobriu uns desenhos giros, muniu-me de serapilheira, agulhas e linhas e eu lá fui bordando. Alas, havia mais uns pontos diferentes e a minha mãe terminou o trabalho ;) Não faço a mínima ideia quem terá transformado o restante em almofada, mas acho que foi a avó Mariana.
Enfim, texteis era a coisa mais detestada, tive sempre 2.
Muitos anos mais tarde quis ter um cachecol do harry potter. Pedi à minha mãe e ela lá me ensinou a tricotar. Primeiro a "liga" (purl). Queria logo ensinar-me o outro ponto... calma aí uma coisa de cada vez ;) Fiz um gigantesco cachecol / manta às riscas como os do harry potter, todo em "liga".
Gostei. Fiz mais outro com todos os restinhos de lã que havia lá por casa. Muitas riscas, hiper colorido. Descobri que não é boa ideia juntar linhas muito finas com linhas muito gordas e que não existe só um tamanho de agulha de tricot.
Estava pronta para aprender o ponto número 2 - a "meia" (knit).
Os invernos passaram a incorporar sempre cachecóis feitos por mim :)
Depois a pat engravidou e descobriu-se que em vez de um vinham aí dois (duas!!!). E eu enfiei que queria fazer botinhas de bebé. Descobri então como acrescentar e diminuir malhas. Depois afinal não fiz botinhas e pus-me a fazer bonecada.
Não percebo muito de tricot, só o básico - meia, liga, acrescentar, diminuir. Isso nunca me impediu de criar boneco atrás de boneco.
Mas como em tudo na vida aprendi que o importante era não ter medo de fazer. Experimentar. Criar.
Com as costuras é igual. Sei mais ou menos como funciona a máquina de costura. Imagino o que quero fazer. E faço. Importante é a imaginação, a criatividade e a vontade de fazer, o resto tudo se aprende. Os problemas contornam-se e resolvem-se :)
Enchem-me de orgulho as malinhas que fiz quando era teenager, a mala bailarina amarela cheia de folhos, todos os meus bonecos de pano e de tricot, a minha saia, os meus sacos e babetes.
Enchem-me de orgulho porque os fiz com as minhas mãos, mesmo sem saber muito bem o que poderia sair dali ou se seria capaz de realizar as minhas ideias.
E quase que aquelas aulas de "trabalhos manuais" e "texteis" estragavam tudo isto. Tinha um trauma e aversão às agulhas que vocês nem imaginam. Que "disciplina" mais parva!!!
*vá e ainda hoje tenho um prazer estúpido a montar os móveis do IKEA e construo o que imagino, como o fantástico caixote de reciclagem com rodinhas em baixo e separação para vidros, embalagens e papel que tive na minha casa e agora vive na nossa arrecadação ;)